Neste livro de crônicas, o leitor vai se deparar com a prosa e a poesia ácida e sem filtro da estreante Marina Filizola. Dependente química, a paulistana traz para as páginas impressas o delírio, a euforia e a loucura que as drogas lícitas e ilícitas imprimem no dia a dia de quem as consome. Seu papel de profissional, filha, irmã, tia e mãe é borrado, em alguns momentos, pelo efeito dessas substâncias.
Mas Marina não se intimida e coloca tudo pra fora. Como uma metralhadora – por vezes sem vírgula, sem ponto, sem rédeas–, ela cospe no papel sua verborragia aturdida e atormentada, intercalando o psicodélico e o cotidiano. É difícil detectar as fronteiras entre o real e a alucinação.
Apesar da dura realidade de quem luta contra a dependência química – incurável, mas controlável –, o senso de humor também faz parte, principalmente nos textos em que ela faz referência ao filho Logan (como em Mãe-polvo e Aceita que dói menos).
“Não é todo dia em que aparece uma força assim na literatura brasileira”, diz sobre ela o escritor Marcelino Freire.